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Conhecendo a Igreja

Sacerdócio: uma vocação para o outro

Padre Juarez – SCE Região Brasília III

25 anos de Ministério Sacerdotal de Pe. Juarez Albino Destro, Rogacionista, Conselheiro Espiritual da equipe 15F desde quando chegou em Brasília, em 2019, e, atualmente, da Região Brasília III

Celebrar aniversário de ordenação sacerdotal na Festa de São Bartolomeu tornou-se, para mim, um símbolo. E foi a Providência que me presenteou, não foi uma escolha. Lembro-me de desejar a marcação da data no mês de agosto por ser o Mês Vocacional e estar dentro da dinâmica do carisma de nossa Congregação Rogacionista, de rezar e trabalhar pelas vocações. O ideal teria sido, na minha opinião, o dia 31, último sábado de agosto naquele ano. Dom Hilário Moser, então bispo de Tubarão (SC) – a diocese de Criciúma, minha cidade, seria criada dois anos depois, em 1998 – , tinha agenda apenas para o dia 24. E assim ficou marcado o dia da ordenação. Naquele momento, eu nem tinha consciência que seria o dia de São Bartolomeu, um dos Doze apóstolos de Jesus...

Bartolomeu ou Natanael faz-nos recordar, com frequência, posturas nas nossas relações humanas ou com o Criador, tão presentes em nosso processo vocacional:

1. Uma primeira constatação é que duvidamos ou não acreditamos no outro. "De Nazaré pode vir coisa boa?" (Jo 1,46), questionou o apóstolo, quando Filipe comunicou que tinha encontrado o Messias. A dúvida ou dificuldade de acreditar pode se voltar a nós mesmos, quando somos chamados a uma missão ou a uma vocação específica: "será que sou capaz de corresponder?". 

2. Uma segunda constatação é nos surpreender com Jesus. Ele nos conhece há muito mais tempo do que imaginamos... Chama-nos desde o ventre materno. Isso explica uma curiosidade minha e que não achei respostas neste mundo. Meu segundo nome, Albino, foi uma homenagem que recebi dos meus pais ao sacerdote da família, Albino Destro. Aliás, ele foi o primeiro pároco da paróquia Santa Bárbara, onde me ordenei. Foi meu padrinho de batismo. Ou deveria ter sido. No dia do batismo, feriado de Tiradentes de 1967, não apareceu. Sem um celebrante para realizar o sacramento, fomos para o Centro. E acabei sendo batizado na capela do Hospital São José, tendo como padrinhos os meus avós paternos. O tio Albino, mesmo com esse "esquecimento", considerava-se meu padrinho de batismo. E, assim, por sorte, sempre ganhava presente de dois padrinhos: o real e o virtual. Padre Albino Destro acabou descobrindo outra vocação, a do matrimônio. A surpresa é constatar que alguns anos mais tarde chegaria o Padre Juarez "Albino Destro". Para Deus não foi surpresa. "Antes que te chamassem, eu te vi" (Jo 1,48), disse Jesus a Bartolomeu, e, claro, a cada um de nós! 

3. E uma terceira constatação em nossas relações é que, após a experiência do encontro com Jesus, passamos a segui-lo, acreditamos em seu projeto de vida e comunhão, professamos nossa fé, partimos em missão. "Tu és o Filho de Deus, o Rei de Israel" (Jo 1,49), afirmou Bartolomeu e nós, hoje.

25 anos de sacerdócio! Um tempo! Tempo que supera os 25 anos de ministério. Momento propício para fazer retrospectiva, desde o nascimento. Numa rápida análise, por décadas, alguns destaques merecem ser dados. Atualmente vivo a metade da sexta década de vida, com meus 54 anos.

Primeira década (1967-1976). Nos meus primeiros dez anos o destaque é a família: pais, avós, irmão, tios e tias, primos e primas. E também as professoras e os primeiros colegas de escola e da catequese. Na família está o berço da vocação, sempre ouvimos dizer. E é verdade! Ali aprendemos OS PRIMEIROS PASSOS. Um ícone desta década é a nona Maria,[1] uma avó que rezava muito, carinhosa, atenciosa, sensível, educadora... Junto com os demais familiares, louvo e agradeço a Deus pela minha família!

Segunda década (1977-1986). A segunda década foi marcada pelo DISCERNIMENTO e pela tomada de decisão. De Técnico em Eletrônica, formado em 1985, ao ingresso no seminário, em 1986... Isso explica o lema escolhido para a ordenação: "Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram a Jesus" (Mc 1,18). Deixar uma profissão para abraçar a vocação! O ícone desta segunda década é o padre Ângelo Galatto, de saudosa memória, amigo e animador vocacional! Junto com ele, louvo e agradeço a Deus todos os demais animadores vocacionais que dedicam sua vida neste importante serviço.

Terceira década (1987-1996). O processo formativo inicial na Congregação Rogacionista durou exatamente uma década, dos 19 aos 29 anos. Se o ingresso na instituição foi no dia 03 de março de 1986, o diaconato foi realizado no dia 03 de março de 1996. Ambos em Curitiba (PR). Uma década de SEGUIMENTO e CONFIGURAÇÃO a Jesus e seu projeto. O ícone desta terceira década é outro Ângelo,[2] hoje bispo, que foi meu formador durante 8 anos (três na etapa do seguimento, Filosofia; e cinco na etapa da configuração, Teologia. Meu curso de Teologia durou cinco anos por ter sido interrompido para um curso de comunicação). A Dom Ângelo Mezzari e a todos os demais formadores, louvo e agradeço a Deus.

Quarta década (1997-2006). O destaque na quarta década de vida está no carisma do ROGATE: o serviço ao IPV (Instituto de Pastoral Vocacional), ao Centro Rogate do Brasil (revista Rogate e outras edições) e ao Governo Provincial como secretário e conselheiro do setor Rogate. O ícone da década é o próprio Fundador dos Rogacionistas, Aníbal Maria Di Francia, canonizado em 2004. Louvo e agradeço a Deus pela existência e pelo serviço do IPV e dos Centros Rogate existentes no mundo, com sua importante missão de incrementar a cultura vocacional na Igreja e na sociedade.

Quinta década (2007-2016). De 2010 a 2018 fui escolhido pelos coirmãos para servir a Congregação na missão de Provincial. Foram oito anos de animação e formação, e de muitos aprendizados. O ícone desta década é o outro. De fato, somos chamados a servir ao outro e não a nós mesmos. Posso dizer que foi uma década de SÍNTESE VOCACIONAL, onde pude amadurecer ainda mais a própria vocação. Desta alteridadenasceu uma, digamos, poesia. Embora eu não seja poeta, mas um eterno aprendiz (a “poesia” está no final do texto).

Metade da sexta década (2017-2021). Após servir a Congregação na missão de Provincial, em 2019 fui designado a Brasília, onde estou hoje. Coincide o trabalho de formador da etapa do Noviciado com o serviço de assessor na CNBB, no setor vocacional, e com o de Conselheiro Espiritual das Equipes de Nossa Senhora. FORMAR e ANIMAR, eis nossa missão! Que é permanente! O ícone desta primeira metade da sexta década? Eu diria que é o próprio Jesus. Exato: ele chamou, ele nos conhece há tempo, é em seu nome que estamos na missão!

 

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A gente vai aprendendo!

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Um tempo, um sim, um serviço...

A gente vai aprendendo!

Uma oração, uma missa, uma benção...

A gente vai aprendendo!

 

Vocação, amor, alegria,

dom divino renovado a cada dia.

A gente vai aprendendo!

 

25 anos de sacerdócio,

aprendizado constante...

 

De fato, o grande segredo da vida

é estar sempre aberto e disposto a aprender:

- de Deus, a amar;

- do amor, a servir;

- do servir, a se alegrar;

- da alegria, a viver;

- e do viver, aprender a aprender,

sempre, em qualquer situação,

com o Outro,

com os outros,

com qualquer outro.

 

O sacerdócio é isso:

uma vocação para o outro...

 

Obrigado por fazer parte desta vida e desta missão!

Continuemos aprendendo!

Pe. Juarez, rcj - jdestro@rcj.org

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Edição Digital Auxiliar

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